Este é um projeto arriscado. Tentar editar uma revista sobre Maçonaria independente da tutela de organizações maçónicas, seja de forma financeira ou outra, e centrada na investigação, mais do que no proselitismo ou na calúnia, não é tarefe fácil, num país pequeno como Portugal.
O estudo da Maçonaria enquanto fenómeno social, nos seus diversos aspetos, é, desde há décadas, internacionalmente, uma tarefa de investigadores académicos, maçons ou não maçons e dela resulta manualmente abundantes artigos científicos, teses de mestrado e de doutoramento. Não é esse o caso em Portugal, onde o tema parece ser pouco apelativo à comunidade científica. Lá fora, as próprias organizações maçónicas possuem lojas ou institutos de investigação que publicam regularmente revistas que qualquer um pode adquirir ou assinar, para além de abundante publicação de estudos em revistas científicas académicas. Também não é esse o caso em Portugal que nunca possuiu, nem possui, uma loja maçónica exclusivamente dedicada à investigação do tema, nos seus múltiplos aspetos e são raros os não maçons que investigam o tema. Não existe, ao contrário da generalidade da Europa, uma única revista de investigação sobre Maçonaria e sociedades fraternais.
Existiu no passado uma Revista da Maçonaria, em duas séries, uma de março de 2004 a dezembro de 2006 e outra de novembro de 2011 a dezembro de 2012 e os seus proprietários e diretores a ela dedicaram o melhor do seu engenho e esforço, sem que, todavia, os seus projetos tenham vingado. Um aviso eloquente sobre as dificuldades que se nos deparam. A pequena diferença de título; Revista de Maçonaria, marca a diferença entre duas iniciativas de origem e propósitos diferentes.
Os tempos mudaram e há hoje uma facilidade de comunicação de projetos que então não existia. É também diversa a abordagem a que nos propomos. Esta não é uma revista de «banca». Saindo fora desse universo, em que as tiragens (e os custos) são mais elevados, a internet e as redes sociais oferecem atualmente meios de divulgação e de comunicação mais eficazes, porque mais bem direcionados para o público alvo.
Queremos também, estar abertos à comunidade científica internacional em parcerias de publicação de artigos, porque o estudo comparado da Maçonaria (e das sociedades fraternais em geral) enquanto fenómeno social permite-nos sair do quadro paroquial onde a investigação sobre a Maçonaria portuguesa por vezes se deixa aprisionar.
Esta é uma revista «em papel», uma opção conservadora, mas que assenta na ambição–de que serve um projeto sem ambição? – de ser uma revista «de estante». É uma opção um pouco em contracorrente, é verdade. Mas, (por ora) seguimos o exemplo – ou será tradição? – da generalidade das congéneres internacionais. O futuro dirá da virtualidade desta opção.
A esta Revista de Maçonaria estará associada uma página de internet onde se concentrarão conteúdos de apoio à investigação que nela não têm lugar e que servirá como uma plataforma de comunicação entre investigadores e de apoio a novos projetos.
Privilegiamos o conteúdo à forma, a simplicidade ao aparato gráfico, como é timbre da generalidade das revistas internacionais de investigação similares, por todas as razões, mas, também, para que os custos sejam menores e a revistas e possa vender ao mais baixo preço possível a todos os interessados.
O nosso propósito não é a divulgação da Maçonaria–tarefa que cumpre às diversas organizações existentes em Portugal, mas o estudo da Maçonaria, feita por quem a ela se dedica, com rigor e exigência metodológica, citando fontes, para que as afirmações possam ser sustentadas e corroboradas. Maçon ou não, isso de nada importa. Esta é uma revista aberta a colaboração de todos, e sobre todas as perspetivas relacionadas como tema, na sua aceção mais ampla, isto é, não apenas Maçonaria, mas todo o tipo de sociedade fraternais, nos seus diversos aspetos, bem como um leque amplo de formas de espiritualidade a elas associado. Todos os estudos enviados para apreciação e publicação serão analisados pelo seu valor intrínseco e não por qualquer tipo de filiação; consideração que aqui não tem lugar.
Oxalá sejamos capazes de atingir estes objetivos.